Ferrovia de alta velocidade e Terceira Travessia do Tejo em debate
Um dos debates realizado no II Fórum Mobilidade & Transportes, realizado nos dias 25 e 26 de junho, no Taguspark, com organização conjunta entre a Parques Tejo e as revistas Eurotransporte e eMobilidade+ prendeu-se com o tema “Integrando a Alta Velocidade, a Terceira Travessia do Tejo e as Infraestruturas no Planeamento Urbano”.
A temática foi introduzida por Carlos Fernandes, Vice-Presidente das Infraestruturas de Portugal (IP) enquanto keynote speaker, que além de apresentar a linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto, destacou também outros investimentos relevantes na Área Metropolitana de Lisboa, tais como a ligação entre as Linhas da CP de Cascais/Oeiras e de Cintura, melhorando a ligação destes concelhos ao centro de Lisboa; ou a ponte rodoferroviária Chelas – Barreiro, anunciada pelo XXIV Governo, que concretizará a Terceira Travessia do Tejo em Lisboa.
A discussão que se seguiu foi moderada por Alexandre Portugal, diretor na COBA; e contou com uma primeira intervenção de Antonio García Salas, coordenador e porta-voz da Sudoeste Ibérico en Red, que sublinhou o potencial da linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid em potenciar as sinergias no fluxo de pessoas e cargas entre os dois países, bem como contribuir para as metas de descarbonização fixadas pela UE.
Seguidamente, o Eng. Jorge Jacob, que desempenhou funções em diversas entidades nacionais do setor dos transportes, sublinhou que os projetos apresentados mereciam discussão, recordando que, quando pertencera ao GATTEL, que estudara a nova travessia do Tejo, a ponderação passara tanto pelo Corredor Nascente (a Ponte Vasco da Gama) como pelos Corredores Central (Chelas-Barreiro) e Poente (Algés-Trafaria).
Na sua perspetiva, o Corredor Chelas-Barreiro, embora permita a ligação ferroviária entre margens, irá acentuar os congestionamentos de tráfego que já se verificam; ao passo que o Corredor Algés/Cruz-Quebrada – Trafaria, ligando-se à CREL, permite uma melhor distribuição do trânsito rodoviário na AML, podendo ainda ser articulada uma ligação em ferrovia ligeira entre o Metro Sul do Tejo e o projeto LIOS, entre as localidades na margem direita do Jamor e a cidade de Lisboa.
Também o Professor Mário Lopes destacou que desde 2009 que a ADFERSIT, a que presidiu, tem uma visão crítica dos projetos para a linha de alta velocidade, considerando que esta deve passar na margem sul do Tejo, com uma ligação ferroviária entre Lisboa e o Montijo, numa distância mais curta, ao mesmo tempo que se deve refletir acerca da ponte rodoviária entre Algés/Cruz-Quebrada e a Trafaria.
Do mesmo modo, criticou a escolha da IP em concretizar a alta velocidade em linhas de bitola ibérica, e não europeia, posição que mereceu a concordância de Jorge Jacob; bem como de Henrique Neto, industrial, ex-deputado e ex-candidato à Presidência da República, que da assistência afirmou “a oposição a um corredor atlântico em bitola europeia está a atrasar a economia nacional, como já sucede há 30 anos”.
No debate também participou Luís Candeias, CEO da Siemens Mobility em Portugal, apresentando vários projetos que a empresa se encontra a desenvolver, incluindo no seu Centro de Competências Tecnológicas em Aveiro, e que passam pela introdução de uma forte componente digital na infraestrutura ferroviária, pela modernização das composições circulantes, e pela disponibilização de soluções de intermodalidade baseadas em software destinado a melhorar a experiência dos passageiros
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02/07/2024